Coronavírus: Como a nossa vida mudou por causa de algo invisível
Parece impossível, mas em menos de 1 dia tudo mudou. O nosso, o meu, o teu Mundo alterou-se. Para mim foi dia 12 de Março, quando depois de ir ao ginásio bem cedinho, onde estava menos de meia dúzia de pessoas, voltei para casa e de lá não mais saí. Gostava de ter dado um passeio ao final da tarde, de ter ido andar de skate naquele dia de bom tempo, de ter dado um grande passeio com a Mel, mas não fiz nada disso. Deixei-me ficar em casa e sabia que, em breve, toda a gente teria de fazer o mesmo, de forma obrigatória ou não. E assim foi. Sexta-feira o país começou a parar e no fim-de-semana já estava quase toda a gente a preparar-se para duas semanas de "prisão domiciliária" voluntária. As principais corridas aos hipermercados aconteceram nesses três dias, as despedidas de familiares e amigos também, e mesmo aquelas que não foram feitas pessoalmente foram sucedendo nos dias que deram início a esta quarentena voluntária.
E é incrível como a vida de toda a gente se alterou num dia. O país mudou em menos de 48h e a vida tal e qual como a conhecíamos ficou diferente. Tudo por causa de algo que não se vê. Não tem cheiro, não tem cor, não faz barulho, não tem sabor, é minúsculo e invisível. A nossa realidade de hoje é completamente diferente da realidade de há uma ou duas semanas. A cada dia tudo muda. São as novas notícias que dão conta de mais casos de pessoas infetadas pelo bichinho invisível, são as recomendações feitas pelo Governo, que até vai criando leis que estejam relacionadas com a nova realidade que agora vivemos,...
Porque o que sinto é que isto é tudo uma realidade paralela. Imagino-me num filme que mistura ação e drama, como "Eu sou a Lenda" ou "Contágio". Filmes esses que enquanto via pareciam histórias com demasiada fantasia. "Isto nunca vai acontecer". Era o que eu pensava. No entanto em poucos dias tornou-se a realidade de cada um de nós. Não sabemos se estamos infetados, não sabemos se quem partilha casa connosco está, não sabemos se daqui a um mês teremos a família, amigos e outras pessoas que gostamos saudáveis,... É complicado para todos. Estamos todos no mesmo barco, como disse, e muito bem, o grande Rodrigo Guedes de Carvalho no Jornal da Noite. O meu desejo neste momento é que tudo corra pelo melhor. Que o barco se mantenha numa ondulação perfeita e que a maré não suba demasiado.