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GO CAROL

BEM-ESTAR, FITNESS, COZINHA OVOLACTOVEGETARIANA, BEBÉS E A MINHA VIDA NO GERAL (E ÀS VEZES NO PARTICULAR)

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Qui | 23.06.22

Licença de Maternidade - II

Captura de ecrã 2022-06-17, às 19.03.00.png

 

Ainda sobre este tema, gostaria de acrescentar ao post anterior o seguinte: uma mulher passa por dezenas (centenas?) de mudanças físicas e psicológicas durante a gravidez e pós parto. As hormonas alteram-se, a mulher muda e quando que licença de maternidade termina estas mudanças não acabam.

Há aspetos a considerar que, se calhar, não passam pela cabeça de quem legisla, e que podem ser importantes:

-Há quem não durma 4h e 5h seguidas há meses;

-Há quem não consiga fazer uma refeição de início ao fim, sentada, sem interrupções e sem barulho;

-Há mulheres que não se sentem bem com o corpo porque aumentaram muito o peso durante a gravidez e ainda não recuperaram, e isso baixa drasticamente a auto-estima;

-Há quem perca tanto cabelo que fique com o ego destruído;

-Há depressões pós parto inerentes disto ou de outros motivos quaisquer;

-Há quem tenha tantos problemas conjugais "por causa do novo membro da família" que entre em depressão;

-Há bebés que choram tanto que destroem a sanidade mental de qualquer um;

-Há bebés, que sendo bebés, não têm horários, timmings, ritmos, e, portanto, é até difícil tomar banho, quanto mais estar em teletrabalho, por muito boa que seja essa alternativa à de ir para o escritório.

Podia continuar, mas se quiseres diz-me como te sentiste meses depois do teu filho nascer, e qual a maior dificuldade.

É um amor louco e que supera qualquer coisa, mas também é a profissão mais cansativa e que mais trabalho dá, e não é de todo valorizada (e remunerada então nem se fala...).

Alguém sem filhos pode considerar que perante as poucas coisas que acabo de referir a mulher está em condições de trabalhar ao fim de 5 meses (quando não são 3 meses como me disseram que acontecia noutros países)?

São 150 dias de licença de maternidade. Já sei que podemos alargar para os 180 dias sendo que tem de ser o pai no sexto mês a tomar conta do bebé, no entanto as famílias não recebem 100%. Porquê?

E por incrível que o pai seja não substitui a mãe. Independentemente de saber cuidar de um novo ser não pode amamentar.

Ah mas para isso é que servem as bombas extratoras de leite. A mãe que tire. Que são oferecidas pelo Estado na maternidade certo? Assim como os biberões e uma arca frigorífica. Agora somos obrigadas a comprar bomba porque temos de andar a armazenar para nos sentirmos seguras na altura de trabalhar? Quando muitas vezes nem tempo temos para respirar? Mais esse trabalho??? Além de para muitas mulheres ser desconfortável, doloroso, o que quer que seja.

Ah mas para isso há aquelas 2h diárias de dispensa do trabalho para amamentar. Boa. Excelente. E é suposto o bebé comer só duas vezes por dia então? A minha filha tem quase 5 meses e às vezes dou-lhe maminha 20 vezes por dia.

Ah mas tem de se habituar. Tem, e habituará, mas não é com 5 meses que vai ter ritmos de adulto.

E isto das 2h para amamentar também é muito bonito se a mulher trabalhar ao lado de casa ou do local onde o bebé fica, porque em cidades grandes ou quando a mãe nem trabalha na mesma cidade onde o bebé fica estas 2h são para a viagem (e podem nem chegar).

Alguém que não dorme, não come, está instável emocionalmente, tem problemas em casa (ou mesmo que não os tenha), não se sente preparada, nem consegue ter um horário das 8 às 18h (ou o que seja com os tais descontos de 2h), ser produtiva como era antes, estar 100% focada na sua função e largar o seu bebé recém nascido numa creche ou com familiares, que por acaso possam cuidar dele.

É preciso mudar a lei e é preciso mudar a mentalidade desta sociedade que acha que é só ter filhos e passado 5 meses (ou menos) viver a vida normal como se nada fosse.

Depois de um filho a vida de uma mulher já nunca mais vai ser igual. É preciso entender isso, ter mais respeito e empatia e apoiar a natalidade.

Como me disseram ontem e muito bem, querem que a mulher depois de ser mãe trabalhe como se nunca o tivesse sido, quando isso não pode acontecer, sobretudo no primeiro ano de vida de um bebé.

#póspartodacarol #abebédacarol