Os e-mails que tenho recebido, ao contrário do que imaginava, são maioritariamente de meninas com problemas de anorexia. São miúdas que acabam por deixar de comer porque algo exterior a elas, normalmente "amigas" (grandes amigas, ããhhh...) ou rapazes, despertam nelas a necessidade de emagrecer. Acham que se ficarem mais magras já vão ter rapazes atrás delas ou se ficarem mais magras aqueleeee boy vai olhar para elas. 99% das vezes o que acontece é o oposto. Com o aparecimento da doença desaparece tudo. "Amigos", rapazes,... Fica a família e pouco mais. Isto porque os amigos não eram assim tão verdadeiros quanto isso e porque os tais rapazes não ficam mais interessados numa menina se ela passar a pele e osso.
A Paula Ramos faz a história de hoje. Uma história com um meio feliz, porque final nunca saberemos se terá. Costuma-se dizer que as pessoas que sofrem de anorexia nunca ficam curadas. E porquê? Se aumentarem o peso não fica tudo bem? Fica e não fica... Fica no sentido da sua saúde ter voltado mais ou menos ao normal. A menstruação volta, que normalmente é perdida quando o peso baixa para um nível que não devia, a impossibilidade de praticar exercício deixa de existir, algo que também é proibidíssimo a estes doentes, entre outras coisas. Mas em termos psicológicos dificilmente está tudo igual ao que era antes da anorexia. Os "fantasmas" da doença podem durar a vida inteira. O medo de aumentar o peso ou de engordar é constante, mesmo que a cura seja confirmada.
Por isso nunca se esqueçam que as vossas atitudes ou acções de hoje podem afectar e muito a vossa vida no futuro.
Conheçam a Paula Ramos.
"Neste momento tenho 24 anos, e a minha história de vida passou-se quando fiz 12 anos. Ora estava numa idade das paixonetas e comecei a gostar de um rapaz 3 anos mais velho do que eu.
Certo dia, uma das minhas melhores amigas chamou-me gorda, e essa frase nunca mais me saiu da cabeça, porque comecei a pensar que esse rapaz de quem gostava não gostava de mim por ser gorda. Tudo mudou nesse dia. Sempre que me via ao espelho achava que estava cada vez mais gorda.
Nessa altura já eu media 1,70m e pesava 63kg, praticava já desporto, sempre adorei o desporto de forma saudável, só que comecei a abusar da atividade física para emagrecer, e havia dias que a minha alimentação era de apenas uma 1 maçã. Ora isto fez com que ao fim de 3 meses pesasse 37kg. A minha família não reparou de início porque comecei a usar roupas mais largas e não dava para notar a magreza com que estava. Mas apesar desse peso achava-me gorda!
A depressão e o isolamento são outras doenças que acabam por se manifestar, as minhas amigas começaram a afastar se de mim porque tinham vergonha de andar com uma magrela como eu, as minhas amigas de infância ao fazerem isso deitaram-me ainda mais a baixo, porque passei a ser só eu e mais ninguém. As "riquinhas" da turma e que tinham a mania da vaidade, não desperdiçavam uma única oportunidade para me gozar e fazer de mim "gato de sapato" e eu burra deixava, mas depois vinha para casa chorar.
Cheguei a querer acabar com a minha vida... fui impedida pela minha mãe umas vezes e pela falta de coragem em outras. Andei numa psiquiatra e numa psicóloga, durante 5 anos fui acompanhada e nunca tinha vontade de recuperar porque para mim eu não estava doente, os outros é que eram cegos e não viam que eu estava gorda. Abri os olhos quando a minha psiquiatra aos 18 anos me disse que ia ser internada, porque os meus 37kg não eram nada saudáveis e não aumentava de peso por vontade própria.
Dos 12 ate aos 18 anos foi esta a minha vida, sem festas, sem amigos, sem discotecas, sem praia, sem férias..... Aos 18 anos conheci um rapaz, actual namorado, que me mostrou a força interior que tinha dentro de mim, e aos poucos fui aumentando de peso. Voltei a poder praticar exercício físico, deixei a psiquiatra, a minha menstruação voltou e a depressão curou-se.
Actualmente tenho 1,72m e 53kg com 19% de massa gorda.
Por ter deixado de comer quase tudo ganhei síndrome do intestino irritável. O meu intestino não aceita vários alimentos, principalmente a lactose, proteína do leite, ovo, farinha de trigo, ervilhas, pêssegos, abacaxi, arroz basmati, entre outros. A síndrome do intestino irritável manifestou-se há 1 ano e meio quando comia já de tudo. Contudo os movimentos do intestino são controlados com medicação, com o desporto e muita paz de espírito.
Ainda hoje choro ao me lembrar do meu passado, e chorei ao escrever o e-mail, pois tudo o que se passou magoa-me agora e vai-me magoar sempre.
O que aprendi e consegui com tudo isto:
- Amigas de verdade não têm vergonha dos amigos em momentos de doença, isso não são amigos.
- Mesmo com a doença consegui entrar na universidade e formar me em Farmácia.
-Tenho sonhos para o meu futuro
- Vou continuar a lutar todos os dias da minha vida para ser sempre uma pessoa feliz.
- Há coisas na vida que não acontecem por acaso"
Recordem-se que é sempre importante ter acompanhamento de psicólogos, médicos e nutricionistas. Deixo-vos a sugestão de uma psicóloga, Psicóloga Clínica Cláudia Esteves, que me contactou e revolveu dar-vos um desconto de 10% caso entrem em contacto com ela e digam que leram este post. Este desconto é apenas válido nos acompanhamentos online (em consultório, envolve terceiros e não tem possibilidade de fazer essas campanhas), não existindo limite de utilização. O valor da consulta depende se o paciente compra sessão isolada ou pack, e depende também da periodicidade das sessões.